Como é medida a altura de uma onda?
Parede líquida em movimento
– esta certamente poderia ser uma definição para o que denominamos de onda do
mar.
Surfistas ou não surfistas
questionam todo tempo, o tempo todo, qual o tamanho daquela onda! Somos
obrigados a ouvir estas discussões por todos, inclusive não surfistas, diante
destas questões fui busca por informações para tentar elucidar tais
questionamentos. Busquei em várias fontes para chegar próximo ao consenso de
todos, dentre as fontes pesquisadas a mais comum e também a mais polêmica, que
é a do próprio surfista, fui também à grande rede além do resultado dos quatro
anos sentados nos bancos do curso de Geografia na Universidade de Rio Grande
(FURG), além das fontes citadas abaixo.
Creio que os dados alcançados
servirão e irão contribuir para aumentar mais ainda as discussões acaloradas
dos surfistas, portanto, esta iniciativa tem o objetivo de tentar desvendar
este enigma ou causar mais dúvida, em todos que lerem este artigo,
Podemos dizer que existem quatro
métodos para medir o tamanho da onda:
- O primeiro deles é a visão daquele que está na
onda, isto é, do surfista. Este método não é nada confiável, pois, ele é
na maioria das vezes mentiroso. O surfista, por viver dentro do mar, tem a
fantasia do pescador – creio que não precisa dizer mais nada.
- O segundo método – Surfistas mais experientes
conseguem estimar o tamanho das ondas só de olhar para a arrebentação. Nos
campeonatos de ondas gigantes (tow-in), a coisa é um pouco menos chutada:
os organizadores medem o tamanho da onda por foto, comparando a altura da
parede líquida em movimento com o tamanho do surfista. Primeiro, eles
identificam a base da onda – à parte onde começa a haver alguma elevação
vertical na água – com a ajuda de uma régua, são medidos quantos surfistas
caberiam na onda, lembrando que existe uma compensação com a altura do
surfista, pois o mesmo fica ligeiramente agachado e também o ângulo da
foto, estas variáveis possibilitam o tamanho estimado, mais significativo.
- O terceiro e o quarto métodos são científicos –
mas, não sei se os surfistas gostariam de saber essas medidas. Mesmo
sabendo que são métodos mais precisos, contudo os cientistas não pegam
onda e, portanto, não sentem o que é surfar uma onda, pode ser uma
merreca, que para o surfista, foi a melhor onda da sua vida, até ele
“pegar a próxima, a melhor e a maior onda da sua vida”.
Mesmo assim, vamos respaldar o
que diz a ciência: Para medir as ondulações que se aproximam das praias e as
que circulam pelo alto-mar, os cientistas usam um aparelho chamado de ONDÓGRAFO.
“Vejamos o que é esse tal de
ondógrafo: O equipamento consiste numa bóia com cerca de 90 centímetros de
diâmetro, dotada de sensores capazes de medir, com grande precisão, as
acelerações sofridas pela bóia em função do movimento das ondas do mar. As
informações de aceleração são, através de processos matemáticos, transformadas
em deslocamentos em cada um dos três eixos cartesianos (x, y, z). Os dados
brutos, em formato digital, são enviados a um computador, que são convertidos,
através de um programa computacional em
informações úteis para o usuário, tais como, altura, período e direção das
diversas ondas medidas”.
Atualmente o Brasil possui dois ondógrafos um gerenciado
pela Marinha (localizado na região de Cabo Frio – RJ) e o outro pela
Universidade federal de Santa Catarina (instalado a 35 quilômetros da
Praia da Armação, na costa leste de Florianópolis – SC).
Tipos de ondógrafos: o de pressão
e o direcional.
O de pressão é instalado no fundo do mar em regiões
já próximas do continente. Ele calcula o tamanho de uma onda a partir da
pressão da coluna de água que passa sobre ele, ou seja: marca a diferença entre
o “peso” do mar sem onda e com onda, envia esses dados via rádio para uma
central de informações, que enfim, transformam os valores obtidos em metros,
centímetros, pés ou polegadas.
O ondógrafo direcional é instalado em alto-mar, dentro
de uma bóia, que sobe e desce conforme o movimento da água. Ele não mede apenas
o tamanho, mas também a direção das ondulações e o tempo entre uma onda e a
seguinte (chamada de “vaga” – uma vaga tem um tempo de duração em torno de 2 a 5 segundos).
Os navios mercantes e os pescadores sempre estão
arrebentando com o cabo que prende a bóia, e o equipamento é colocado à “deriva”,
aparecendo em alguma praia distante, após o resgate é devolvido à Marinha
Brasileira.
“Exemplo de como a Marinha brasileira indica a perda do nosso
ondógrafo:
Encontra-se desaparecida da posição lat 23 01.8 s
long 42 00 w, desde 11 horas do dia 07/01 a bóia de pesquisa ondógrafo do
Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira. qualquer informação sobre
o paradeiro desse equipamento por favor contactar o ieapm pelos telefones (22)
2622-9056 / (22) 2622-9058/ (22) 2622-9021, ou pelo e-mail: 21@ieapm.mar.mil.br”.
Espero que com
este artigo tenha contribuído para melhorar as discussões de como medir o
tamanho de uma onda, se pela frente, por trás, se tem mais volume, se é mais
cavada, se é tubular e etc... Mas, o que importa mesmo, é que, surfar é
preciso.
Fontes:
-
Instituto de Estudos do mar Almirante. Paulo Moreira (Marinha
Brasileira);
-
Laboratório
de Hidráulica Marítima da Universidade Federal de Santa Catarina
(PIC/LaHiMar/UFSC).
Bira
Medeiros - geógrafo, militar, longboarder.
Vinicius_Salvador - BA, minha homenagem ao amigo, em vida claro.